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Fúria de fãs na China após censura LGBTQ de 'Friends'

PEQUIM: O retorno altamente antecipado de "Friends" às plataformas de streaming chinesas azedou rapidamente depois que os fãs notaram que um enredo LGBTQ foi cortado da comédia americana - e suas reclamações também foram censuradas.

As principais plataformas da China começaram a transmitir a série na sexta-feira, mas a história de uma personagem lésbica estava ausente do segundo episódio da primeira temporada.

Os fãs inundaram as redes sociais com reclamações sobre a remoção, com a hashtag mais popular "Amigos censurados" acumulando dezenas de milhões de visualizações na plataforma Weibo, semelhante ao Twitter.

"Eu comparei este episódio e descobri que todas as linhas referentes à ex-mulher de Ross, Carol, ser lésbica, foram deletadas. É muito claramente desconexo", escreveu um usuário, cujo post ganhou mais de 177.000 curtidas.

Filmes estrangeiros e programas de televisão que incluem conteúdo que as autoridades consideram "sensíveis", como temas LGBTQ, sexo, política e violência, são rotineiramente censurados na China.

"Por que haveria a necessidade de mencionar isso? A homossexualidade não existe aqui, então é perfeito para sempre. Todos estão felizes vivendo sob este governo", dizia outro comentário aparentemente sarcástico.

A crítica também foi censurada no fim de semana, e a hashtag de protesto foi substituída por "Por que os amigos são tão populares" no domingo.

"Friends", que acompanha um grupo de seis jovens em Nova York, foi exibido originalmente de 1994 a 2004 nos Estados Unidos.

Também se tornou um fenômeno internacional, inclusive na China, onde é muito popular entre os millennials. Muitos jovens chineses aprenderam inglês assistindo em DVDs.

A série foi exibida pela primeira vez na China – sem censura – na plataforma de streaming Sohu entre 2012 e 2013.

Após a popularidade do show de reencontro do ano passado, os gigantes de streaming do país, incluindo Bilibili, Tencent, iQiyi e Youku, decidiram relançar uma versão censurada.

Além de omitir o enredo LGBTQ na primeira temporada, as linhas sexualmente sugestivas foram traduzidas de forma diferente nas legendas chinesas da versão relançada para remover a insinuação.

O furor dos fãs sobre "Friends" foi a última onda de reclamações dos fãs chineses.

O final original do clássico cult americano "Clube da Luta" foi restaurado na China após críticas online à versão censurada, que terminou com uma tela preta e uma coda explicando que a polícia havia capturado todos os criminosos.

Em 2019, várias cenas do filme "Bohemian Rhapsody" referenciando a sexualidade do superstar da música queer Freddie Mercury foram descartadas em seu lançamento na China.

Sob o presidente Xi Jinping, as autoridades chinesas pressionaram para expurgar a sociedade e a cultura de elementos que consideram insalubres.

Diretrizes divulgadas pelo principal regulador de mídia em 2016 proibiram "conteúdo vulgar, imoral e insalubre" em programas de TV como homossexualidade, tabagismo, casos extraconjugais e relacionamentos com menores de idade.

Fúria de fãs na China após censura LGBTQ de 'Friends'