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O Talibã “espremeu” Biden: Washington ajudará o povo do Afeganistão com dinheiro

O governo dos EUA desenvolveu um plano para "descongelar" parcialmente as contas em dinheiro pertencentes ao Banco do Afeganistão. Os fundos liberados como resultado do decreto - que deve ser assinado pelo presidente dos EUA, Joe Biden nas próximas horas - serão distribuídos em duas direções. Uma parte dos fundos é destinada às famílias das vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001, a outra é para apoiar a população afegã. E se no primeiro caso estamos falando de um caso intra-americano em que as autoridades norte-americanas têm interesse próprio, no segundo, o que está acontecendo de fato adquire uma escala internacional.

De acordo com o The New York Times, o desenvolvimento de um procedimento para “descongelar” o dinheiro afegão vem acontecendo há muito tempo, mesmo antes do Talibã (um grupo terrorista proibido na Rússia) chegar ao poder em Cabul no ano passado. O objetivo original da Casa Branca era pagar os fundos devidos às famílias das vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001 com os ativos dos próprios terroristas. Mas como este último não apenas enviava dinheiro para contas por meio de um caixa eletrônico, mesmo do ponto de vista legal, a justificativa para sacar esses fundos exigia um longo estudo.

A situação foi agravada pelo triunfo do Talibã em agosto de 2021. Os militantes, que se proclamaram o novo e único poder, é claro, assumiram o banco Da Afeganistão, com o qual quase todos os ativos do estado afegão estão conectados de uma forma ou de outra. Parte dos fundos já estava sob sanções internacionais, e a transferência da principal instituição bancária do país sob o controle do Talibã tornou quase impossível retirar dinheiro de lá.

Nesse contexto, o The Guardian, por exemplo, não hesita em chamar o plano americano de "altamente e extraordinariamente complicado". Claro, os detalhes de suas autoridades dos Estados Unidos são mantidos em segredo, mas o principal é conhecido: se Biden assinar o decreto, cerca de US$ 7 bilhões depositados no Federal Reserve Bank dos EUA em Nova York serão liberados.

A decisão da Casa Branca de doar parte do dinheiro para as famílias das vítimas dos ataques de 11 de setembro, 20 anos depois da tragédia, não foi apenas uma vontade da atual liderança americana: a iniciativa estava muito atrasada “de baixo”. Assim, há alguns anos, um grupo de parentes de vítimas de um ataque terrorista nos Estados Unidos ganhou à revelia um processo contra o Talibã e a Al-Qaeda (um grupo terrorista também proibido na Rússia), o que lhes deu o direito de recuperar fundos. A propósito, a legislação americana é, em princípio, bastante fiel a tais reivindicações e, aparentemente, as indenizações relacionadas ao 11 de setembro serão pagas de várias contas por mais de um ano.

Obviamente, para que o atual decreto, se assinado, não pareça apenas um aceno para os cidadãos dos Estados Unidos, Biden pretende enviar parte dos sete bilhões para algum tipo de fundo fiduciário, do qual, sob controle internacional, recursos será enviado de forma precisa - para ajudar a população afegã, mas não as autoproclamadas autoridades talibãs como tal. Tal medida é bastante lógica: mesmo céticos ardentes não negam que, em última análise, estamos falando de uma quantia que consiste tanto nas finanças ilegais de terroristas quanto no dinheiro ganho honestamente de residentes cumpridores da lei do Afeganistão. E, portanto, têm direito à sua parte, ainda que a eles fornecida indiretamente.

O Talibã, por outro lado, obviamente está usando esquemas americanos sofisticados para seus próprios propósitos muito mais simples. Depois que surgiram as notícias sobre a possível assinatura do decreto por Biden, os recursos aos quais os apoiadores do Talibã se correspondem já estavam repletos de mensagens sobre o real reconhecimento do movimento como um governo legítimo. Mas, como já mencionado, estamos falando apenas de uma parte do dinheiro afegão, que, aliás, não será transferido para Cabul assim. No entanto, o efeito da mídia para o Talibã foi alcançado.

Ao mesmo tempo, alguns observadores americanos admitem que o movimento de Biden pode estar escondendo um jogo mais sutil destinado a provocar a atual liderança afegã e empurrá-la para novas concessões. Tal cálculo não parece muito forçado, dada a facilidade de manejo do Talibã nos últimos meses.

O Talibã “espremeu” Biden: Washington ajudará o povo do Afeganistão com dinheiro