O primeiro-ministro interino Dbeibah diz que não vai entregar o poder, uma posição que pode levar a um aumento de conflitos entre facções rivais.
O parlamento da Líbia deve nomear um novo primeiro-ministro para chefiar o governo de transição na quinta-feira, levantando preocupações sobre a possibilidade de uma nova luta pelo poder.
O esforço para substituir o primeiro-ministro interino Abdul Hamid Dbeibah ocorre após a data da primeira eleição presidencial da Líbia – marcada para 24 de dezembro do ano passado – ter chegado e passado durante seu mandato.
Parlamentares argumentam que o mandato do governo de Dbeibah terminou quando a eleição presidencial deveria acontecer: 24 de dezembro. Ele se recusou a sair.
O adiamento foi um grande golpe nos esforços internacionais para encerrar uma década de caos na nação mediterrânea rica em petróleo.
A votação presidencial foi adiada devido a disputas entre facções rivais sobre as leis que regem as eleições e candidatos controversos.
A Câmara dos Representantes deve se reunir na quinta-feira para nomear o ex-ministro do Interior Fathi Bashaga ou o ministro-conselheiro Khalid al-Baibas como o novo primeiro-ministro.
Bashaga e al-Baibas apareceram em uma sessão parlamentar na segunda-feira na cidade oriental de Tobruk para apresentar seus planos e apresentar suas propostas para substituir Dbeibah.
Primeiro-ministro desafiador
Em um discurso televisionado na terça-feira, Dbeibah disse que não entregará o poder, uma posição que pode levar a um aumento de conflitos entre facções rivais na nação profundamente dividida.“Não permitirei novos períodos de transição. Não vamos recuar de nosso papel no governo que prometemos ao povo até que as eleições sejam alcançadas”, disse Dbeibah.
Ele alertou que a nomeação de um novo primeiro-ministro levaria o país de volta à “divisão e caos” após quase dois anos de relativa calma.
Ele pediu protestos de rua para denunciar a nomeação de um novo governo de transição.
“Não permitiremos que essa classe dominante por anos monopolize a cena”, disse ele, acusando a classe política que controlou a Líbia na última década de buscar permanecer no poder.
Dbeibah acrescentou que iniciou consultas para concordar com um novo roteiro para realizar as eleições em junho, a data que a missão da ONU na Líbia deseja para uma votação remarcada.
No entanto, é improvável que as eleições ocorram, já que a comissão eleitoral disse que precisa de pelo menos oito meses para se preparar para uma nova votação.
Os principais desafios que levaram ao adiamento da votação de 24 de dezembro também permanecem indefinidos.
O primeiro-ministro em exercício tornou-se uma figura polarizadora desde que anunciou sua candidatura presidencial, quebrando sua promessa de não concorrer às eleições quando foi nomeado.
Falando à mídia local, o analista político líbio Abdel Hakim Fanoush culpou Dbeibah como o problema que atrasa a eleição presidencial.
“O anúncio de sua candidatura foi o que falhou na votação em dezembro. Como ele pode estar alegando se importar com o voto?” perguntou Fanoush.
Dbeibah, um poderoso empresário de Misrata, foi nomeado primeiro-ministro em fevereiro do ano passado como parte de um processo político mediado pela ONU e apoiado pelo Ocidente.
A principal tarefa de seu governo era conduzir o país profundamente dividido em direção à reconciliação nacional e liderá-lo por meio de eleições.
Mais divisão
A nomeação de um novo primeiro-ministro pode ver uma repetição de um cisma de 2014 que viu duas administrações paralelas surgirem, levando o país a entrar em conflito armadoEssa situação também aumenta a possibilidade de novos combates em um país amplamente governado por grupos armados com interesses conflitantes.
As eleições foram a base dos esforços mediados pela ONU para trazer a paz à nação rica em petróleo do Norte da África.
A Líbia tem sido assolada por conflitos desde que um levante apoiado pela Otan derrubou e matou o ditador de longa data Muammar Kadafi em 2011.
O país esteve durante anos dividido entre administrações rivais no leste e oeste, cada uma apoiada por milícias e governos estrangeiros.
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