CIDADE DO MÉXICO - O México está disputando as eliminatórias da Copa do Mundo diante de um número limitado de torcedores rigidamente controlados - parte dos esforços para acabar com uma ofensa anti-gay na nação amante do futebol.
Quando o México enfrentar o Panamá na quarta-feira, no Estádio Azteca, na capital mexicana, apenas cerca de 2.000 dos 87.000 lugares estarão ocupados, assim como no domingo contra a Costa Rica.
Com medo de que o México perca seu papel de anfitrião conjunto da Copa do Mundo de 2026, a Federação Mexicana de Futebol (FMF) introduziu um sistema de registro de ingressos online e códigos QR para os participantes.
Também aumentou a segurança do estádio para identificar qualquer pessoa que use o canto homofóbico frequentemente gritado aos goleiros adversários quando eles dão um tiro de meta.
Se pegos, os infratores enfrentam uma proibição de cinco anos dos estádios.
O insulto - "puto" - significa prostituta masculina, mas em espanhol mexicano pode ser traduzido como "bicha" e é amplamente usado para insultar a masculinidade de alguém.
Alguns torcedores saúdam as duras medidas contra o canto, que surgiu pela primeira vez como uma provocação contra um goleiro há mais de 20 anos,
"Espero que o clamor homofóbico seja erradicado de uma vez por todas", disse José Jimenez à AFP antes de entrar no estádio para o jogo contra a Costa Rica, que terminou empatado.
Mas alguns outros fãs disseram que não entendiam do que se tratava.
"Essa palavra é de uso comum. Não sei de onde tiraram que é uma palavra ruim", disse Ismael de Jerez.
"Acho que eles estão exagerando", acrescentou.
- Punição repetida -
O monitoramento rigoroso permitiu que a equipe mexicana evitasse jogar dois jogos com portões fechados, como a Fifa havia ordenado inicialmente.
Para a partida contra os Estados Unidos em 24 de março, o sistema será testado com um público maior de 35.000 ou 40.000 torcedores.
O México foi repetidamente sancionado ao longo dos anos por fãs gritando o insulto homofóbico.
As multas totalizando cerca de US$ 656.400 e a punição de jogar um jogo a portas fechadas contra a Jamaica em setembro não foram suficientes para impedir milhares de fãs de usar o cântico.
"Não podemos tolerar atos discriminatórios, não podemos jogar em estádios vazios, não podemos colocar as autoridades do futebol em risco de tirar pontos ou afetar nosso desempenho esportivo", disse o presidente da FMF, Yon de Luisa, no mês passado.
Ele já havia alertado que, se os cânticos continuassem, o México corria o risco de perder seu papel de anfitrião conjunto da Copa do Mundo de 2026.
- 'Respeitar-se mutuamente' -
Os torcedores mexicanos começaram a gritar o insulto em partidas no início dos anos 2000, em um clássico entre Atlas e Chivas, os dois principais times da segunda cidade do México, Guadalajara.
Espalhou-se rapidamente, logo chegando aos jogos da seleção mexicana.
O ex-técnico do México, Miguel Herrera, acredita que "faz parte da linguagem coloquial".
Oswaldo Sanchez, o ex-goleiro que foi o primeiro alvo do canto em 1999, não o considera "homofóbico ou ofensivo".
Mas para Andoni Bello, o criador de um time amador de jogadores de futebol com diversidade sexual, aceitar o insulto equivale a um ataque a minorias sexuais que também amam o esporte.
"Apenas um pequeno número está chateado com os gritos homofóbicos. Esse é o problema!" disse à AFP.
Alan Rosado, técnico do time de futebol Kraken LGBTQ na Cidade do México, espera que as medidas ajudem a melhorar a imagem do país quando sediar a Copa do Mundo de 2026.
"Temos que nos abrir para o mundo e dizer 'venha, este é o México e no México nos respeitamos'", disse ele.
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