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Primeira mulher declarada curada do HIV após transplante de células-tronco

“Este é o terceiro relato de cura neste cenário e o primeiro em uma mulher vivendo com HIV”, disse Sharon Lewin, presidente eleita da Sociedade Internacional de AIDS, em um comunicado

CHICAGO (Reuters) - Uma paciente norte-americana com leucemia se tornou a primeira mulher e a terceira pessoa curada do HIV até o momento após receber um transplante de células-tronco de um doador que era naturalmente resistente ao vírus que causa a Aids, informaram pesquisadores nesta terça-feira.

O caso de uma mulher mestiça de 64 anos, apresentado na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunísticas em Denver, também é o primeiro envolvendo sangue de cordão umbilical, uma abordagem mais recente que pode tornar o tratamento disponível para mais pessoas.

Desde que recebeu o sangue do cordão umbilical para tratar sua leucemia mieloide aguda – um câncer que começa nas células formadoras de sangue na medula óssea – a mulher está em remissão e livre do vírus há 14 meses, sem a necessidade de tratamentos potentes para o HIV, conhecidos como Terapia anti-retroviral.

Os dois casos anteriores ocorreram em homens – um branco e um latino – que receberam células-tronco adultas, que são mais frequentemente usadas em transplantes de medula óssea.

“Este é o terceiro relato de cura neste cenário e o primeiro em uma mulher vivendo com HIV”, disse Sharon Lewin, presidente eleita da International AIDS Society, em um comunicado.

O caso faz parte de um estudo maior, apoiado pelos EUA, liderado pela Dra. Yvonne Bryson, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), e pela Dra. Deborah Persaud, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. O objetivo é acompanhar 25 pessoas com HIV que se submetem a um transplante com células-tronco retiradas do sangue do cordão umbilical para o tratamento de câncer e outras doenças graves.

Os pacientes do estudo primeiro passam por quimioterapia para matar as células imunológicas cancerígenas. Os médicos então transplantam células-tronco de indivíduos com uma mutação genética específica na qual não possuem receptores usados ​​pelo vírus para infectar células.

Os cientistas acreditam que esses indivíduos desenvolvem um sistema imunológico resistente ao HIV.

Lewin disse que os transplantes de medula óssea não são uma estratégia viável para curar a maioria das pessoas que vivem com HIV. Mas o relatório “confirma que a cura para o HIV é possível e fortalece ainda mais o uso da terapia genética como uma estratégia viável para a cura do HIV”, disse ela.

O estudo sugere que um elemento importante para o sucesso é o transplante de células resistentes ao HIV. Anteriormente, os cientistas acreditavam que um efeito colateral comum do transplante de células-tronco chamado doença do enxerto contra o hospedeiro, na qual o sistema imunológico do doador ataca o sistema imunológico do receptor, desempenhava um papel em uma possível cura.

“Juntos, esses três casos de cura pós-transplante de células-tronco ajudam a desvendar os vários componentes do transplante que foram absolutamente essenciais para a cura”, disse Lewin.

Primeira mulher declarada curada do HIV após transplante de células-tronco