A Rússia disse na terça-feira que está retirando algumas de suas forças perto da fronteira ucraniana para suas bases, no que pode ser o primeiro grande passo para a desescalada em semanas de crise com o Ocidente. Moscou divulgou poucos detalhes e não houve confirmação externa imediata da retirada, que o Kremlin disse que sempre foi planejada apesar da “histeria” ocidental sobre uma temida invasão da Ucrânia. Isso ocorreu em meio a um intenso esforço diplomático para evitar uma guerra na Europa depois que a Rússia reuniu mais de 100.000 soldados nas fronteiras de seu vizinho pró-ocidental.
Líderes ocidentais acusaram Moscou de se preparar para uma possível invasão, uma alegação que a Rússia negou repetidamente, e ameaçaram sanções amplas se um ataque ocorresse. O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, disse em Bruxelas que havia “motivos para um otimismo cauteloso” nos sinais vindos da Rússia, mas alertou: “Não vimos nenhum sinal de desescalada no terreno”. Em Moscou, o chanceler alemão Olaf Scholz se tornou o mais recente líder mundial a se encontrar com Vladimir Putin nos últimos dias, conversando com o líder do Kremlin que terminaria com uma entrevista coletiva na terça-feira. Nas ruas da capital ucraniana, Kiev, os moradores que aproveitam o sol brilhante do inverno estavam cautelosamente otimistas e gratos pelo fato de a Ucrânia e seus aliados parecerem ter mantido a calma.
"Não há pânico na sociedade... Você vê quantas pessoas estão andando, todos estão sorrindo, todos estão felizes", disse à AFP o advogado Artem Zaluznyi, 22, na principal via da cidade, a rua Khreschatyk. Mas também havia cautela, com muitos duvidando que a Rússia honraria qualquer promessa de retirada. “Acreditar plenamente não seria nem inteligente nem sábio”, disse Zaluznyi. A crise - a pior entre a Rússia e o Ocidente desde o fim da Guerra Fria - atingiu o pico nesta semana, com autoridades dos EUA alertando que uma invasão em grande escala, incluindo um ataque a Kiev, seria possível em poucos dias. Washington deu o passo dramático na segunda-feira de transferir sua embaixada em Kiev para a cidade ocidental de Lviv, depois de pedir anteriormente aos cidadãos americanos que deixem a Ucrânia.
Na manhã de terça-feira, o porta-voz do Ministério da Defesa russo disse que algumas forças posicionadas perto da Ucrânia haviam completado seus exercícios e estavam fazendo as malas para partir. “As unidades dos distritos militares do sul e do oeste, tendo concluído suas tarefas, já começaram a carregar no transporte ferroviário e rodoviário e hoje começarão a se deslocar para suas guarnições militares”, disse o porta-voz do ministério, Igor Konashenkov, em comunicado.
O ministério divulgou um vídeo que mostrava tanques russos subindo em vagões para deixar uma área onde os exercícios estavam ocorrendo. Não ficou imediatamente claro quantas unidades estavam envolvidas e que impacto as retiradas teriam no número total de tropas ao redor da Ucrânia, mas foi o primeiro anúncio de uma retirada russa em semanas.
Konashenkov disse que exercícios militares russos de “grande escala” continuam em muitas áreas, incluindo exercícios conjuntos na Bielorrússia e exercícios navais no Mar Negro e em outros lugares. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, sugeriu que as notícias de terça-feira mostrariam que era o Ocidente que vinha aumentando as tensões com suas alegações.
“15 de fevereiro de 2022 ficará para a história como o dia em que a propaganda de guerra ocidental falhou. Humilhada e destruída sem que um único tiro fosse disparado”, escreveu ela nas redes sociais.
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