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Acumulação militar da Rússia perto da Ucrânia está crescendo, não encolhendo, alerta Ocidente

MOSCOU/KYIV - Há uma crescente presença militar russa nas fronteiras da Ucrânia, alertaram países ocidentais nesta quarta-feira (16 de fevereiro), quando a Estônia disse que grupos de batalha estavam se preparando para um provável ataque para ocupar "terreno-chave", contradizendo a insistência de Moscou em recuar.

Mais veículos blindados, helicópteros e um hospital de campanha foram vistos, disse o chefe de inteligência de defesa da Grã-Bretanha em raros comentários públicos.

Mais de 7.000 soldados se mudaram para a fronteira nos últimos dias, incluindo alguns que chegaram na quarta-feira, disse um alto funcionário do governo do presidente dos EUA, Joe Biden, sem fornecer evidências.

As potências mundiais estão engajadas em uma das crises mais profundas nas relações Leste-Oeste há décadas, disputando a influência pós-Guerra Fria e o fornecimento de energia, já que a Rússia quer impedir que a Ucrânia se junte à aliança militar da OTAN.

Os países ocidentais sugeriram o controle de armas e medidas de fortalecimento da confiança para desarmar o impasse, o que os levou a instar seus cidadãos a deixar a Ucrânia porque um ataque pode ocorrer a qualquer momento. A Rússia nega ter planos de invasão.

"Há o que a Rússia diz. E há o que a Rússia faz. E não vimos nenhuma retração de suas forças", disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em entrevista à MSNBC.

"Continuamos a ver unidades críticas se movendo em direção à fronteira, não para longe da fronteira".

A inteligência estoniana está ciente de cerca de 10 grupos de batalha de tropas se movendo em direção à fronteira ucraniana, onde estima que cerca de 170.000 soldados já estejam mobilizados, disse Mikk Marran, diretor-geral do Serviço de Inteligência Estrangeira da Estônia.

O ataque incluiria o bombardeio de mísseis e a ocupação de "terrenos-chave", acrescentou.

"Se a Rússia for bem-sucedida na Ucrânia, isso a encorajaria a aumentar a pressão sobre os países bálticos nos próximos anos", disse ele. "A ameaça de guerra se tornou a principal ferramenta política de Putin."

O Ministério da Defesa da Rússia disse que suas forças estão recuando após exercícios nos distritos militares do sul e oeste perto da Ucrânia, e o embaixador de Moscou na Irlanda insistiu que as forças no oeste da Rússia voltariam às suas posições normais dentro de três a quatro semanas.

Ele publicou um vídeo que mostrava tanques, veículos de combate de infantaria e unidades de artilharia autopropulsadas deixando a península da Crimeia, que Moscou tomou da Ucrânia em 2014.

Mas os comandantes militares da Otan estão elaborando planos para novas unidades de combate que, segundo diplomatas, podem ser implantadas na Bulgária, Romênia, Hungria e Eslováquia.

Essas unidades - projetadas para ganhar tempo para soldados adicionais chegarem à linha de frente, se necessário - já existem na Polônia e nos países bálticos.

A Grã-Bretanha dobrará o tamanho de sua força na Estônia e enviará tanques e veículos de combate blindados para a pequena república báltica que faz fronteira com a Rússia como parte da implantação da OTAN.

'Dia da unidade'

A Ucrânia também aumentou o número de guardas de fronteira em sua fronteira com a Bielorrússia, aliada da Rússia, onde se estima que cerca de 9.000 soldados russos estejam envolvidos em exercícios militares.

O presidente Volodymyr Zelenskiy, que está cruzando o país para ajudar a elevar o moral dos ucranianos, observou exercícios de suas forças armadas que incluíam mísseis antitanque Javelin.

Quarta-feira foi designada feriado patriótico em resposta a relatos de que a Rússia poderia invadir naquele dia. "Ninguém pode amar nossa casa como nós. E somente nós, juntos, podemos proteger nossa casa", disse ele.

As pessoas levantaram bandeiras e tocaram o hino nacional para mostrar unidade contra o medo de uma invasão.

O governo disse que um ataque cibernético que atingiu o Ministério da Defesa foi o pior do tipo que o país já viu, apontando o dedo para a Rússia, que negou envolvimento.

Autoridades dos EUA ainda não conseguiram dizer quem foi o responsável, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

'Mais tropas a caminho'

O risco de agressão russa contra a Ucrânia permaneceria alto pelo resto de fevereiro e a Rússia ainda poderia atacar a Ucrânia "essencialmente sem ou com pouco ou nenhum aviso", segundo a um alto funcionário da inteligência ocidental.

A Otan disse que poderia provar o fracasso da Rússia em retirar seus soldados com imagens de satélite. "Mais tropas estão a caminho", disse o secretário-geral Jens Stoltenberg.

Moscou acusou o Ocidente de propaganda de guerra histérica após repetidos avisos de um possível ataque.

A Rússia vê a adesão da Ucrânia à Otan como uma ameaça à sua segurança e disse que está pronta para redirecionar as exportações de energia para outros mercados se for atingida por sanções, que Washington e seus aliados ameaçaram se invadir.

O ministro das Finanças, Anton Siluanov, disse que as sanções contra os bancos russos seriam "desagradáveis", mas o Estado garantiria que todos os depósitos e transações bancárias fossem garantidos.

Apesar da guerra de palavras, os esforços diplomáticos continuam.

Biden e o chanceler alemão Olaf Scholz destacaram a "importância da coordenação transatlântica contínua" em uma ligação na quarta-feira, disse a Casa Branca.A Ucrânia pediu ao Conselho de Segurança da ONU para discutir na quinta-feira uma tentativa do parlamento russo de reconhecer os autoproclamados separatistas.

A ministra das Relações Exteriores britânica Liz Truss deve visitar Kiev esta semana e Blinken viajará para a Alemanha para a Conferência de Segurança de Munique, que começa na sexta-feira, para coordenar com os aliados.

"A porta continua aberta para a diplomacia", disse Psaki.

Acumulação militar da Rússia perto da Ucrânia está crescendo, não encolhendo, alerta Ocidente