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Líderes ocidentais conferem com a Ucrânia em meio a temores de guerra

BERLIM - Líderes ocidentais devem manter conversas nesta sexta-feira sobre a crise na Ucrânia, disseram fontes alemãs, enquanto os Estados Unidos alertaram que uma invasão russa de seu ex-vizinho soviético pode demorar dias.

O presidente dos EUA, Joe Biden, que pediu aos americanos que deixem a Ucrânia, realizará uma conferência telefônica sobre a crise com seis líderes e os chefes da Otan e da União Europeia, disseram fontes do governo alemão à AFP.

As negociações estão marcadas para começar às 16:00 GMT.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, alertou nesta sexta-feira novamente sobre o "risco real de um novo conflito armado na Europa", enquanto o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que uma invasão russa pode ocorrer "a qualquer momento".

A Rússia está operacionalmente pronta para realizar uma ampla gama de operações militares na Ucrânia e o Kremlin só precisa fazer a chamada, disse o chefe do serviço de inteligência militar da Noruega.

Várias rodadas de diplomacia não conseguiram aliviar as tensões nas portas da Europa, que alguns descrevem como a pior crise do continente desde o fim da Guerra Fria.

O Kremlin disse na sexta-feira que "não houve resultados" da mais recente incursão diplomática - uma reunião de quatro conselheiros políticos da Rússia, Ucrânia, Alemanha e França em Berlim.

Biden conversará por telefone com o chanceler alemão Olaf Scholz, o presidente francês Emmanuel Macron e os primeiros-ministros da Itália, Grã-Bretanha e Canadá e o presidente da Polônia, disseram as fontes alemãs.

O chefe da Otan Stoltenberg e líderes da União Européia participarão, acrescentaram.

Líderes ocidentais há meses alertam sobre uma possível invasão da Ucrânia, enquanto dezenas de milhares de tropas russas se aglomeram ao longo da fronteira.

A Rússia negou qualquer plano de invasão.

Ele diz que está buscando garantias por escrito da Otan de que a aliança retirará sua presença da Europa Oriental e nunca se expandirá para a Ucrânia.

Os Estados Unidos e seus aliados europeus rejeitaram essas exigências.

- Novos exercícios militares -

Alimentando as preocupações, a Rússia está realizando exercícios militares em larga escala com a aliada Bielorrússia, que faz fronteira com a Ucrânia e a União Europeia.

Moscou e Minsk não divulgaram quantos soldados estão participando, mas os Estados Unidos disseram que cerca de 30.000 soldados estão sendo enviados para a Bielorrússia de locais como o Extremo Oriente da Rússia.

Além disso, o Ministério da Defesa da Rússia disse na sexta-feira que também realizará novos exercícios militares perto da fronteira da Ucrânia e no Mar Negro.

Moscou, que controla a península da Crimeia após anexá-la da Ucrânia em 2014, fez do Mar Negro uma prioridade estratégica.

Macron viajou entre Moscou e Kiev no início desta semana em busca de uma solução diplomática, e Scholz deve fazer o mesmo nos próximos dias.

Scholz também realizará sua primeira reunião pessoal com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou.

O secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, esteve em Moscou na sexta-feira para raras conversas com seu colega russo Sergei Shoigu.

Ele foi acompanhado pelo chefe do Estado-Maior de Defesa do Reino Unido, Tony Radakin, e a dupla também se encontrará com o principal general do exército russo, Valery Gerasimov.

A visita de Wallace ocorre um dia depois que a secretária de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Liz Truss, se encontrou com seu colega russo Sergei Lavrov em Moscou para conversas que pareciam infrutíferas e terminaram em acusações mútuas.

- Conversas 'difíceis' -

A decepção se seguiu após uma reunião entre negociadores russos e ucranianos, sob a mediação da Alemanha e da França.

Fontes descreveram a reunião como "difícil" e disseram que durou mais de nove horas.

Após as negociações, o Kremlin mais uma vez acusou a Ucrânia de não aderir aos acordos de Minsk de 2015 entre Kiev e Moscou sobre o conflito separatista no leste do país.

O negociador de Kiev, Andriy Yermak, no entanto, disse em um briefing noturno depois que "todos estão determinados a chegar a um resultado".

O formato de quatro vias da "Normandia" foi lançado em 2014 em uma tentativa de acabar com os confrontos entre a Ucrânia e os separatistas apoiados pela Rússia, que já mataram mais de 14.000 pessoas.

Segundo a Alemanha, as próximas negociações da Normandia ocorrerão em março.

Do outro lado do Atlântico, Biden emitiu um alerta severo a seus cidadãos, instando-os a deixar a Ucrânia o mais rápido possível.

"Os cidadãos americanos devem sair, devem sair agora", disse Biden à NBC News. "Estamos lidando com um dos maiores exércitos do mundo.

"Ele acrescentou que "as coisas podem enlouquecer rapidamente".

Mas a Ucrânia, que frequentemente minimizou os avisos de Washington, descartou a ordem como "nada de novo".

Washington alertou Moscou sobre sanções sem precedentes se seus tanques entrarem na Ucrânia, em particular prometendo o fim do controverso gasoduto Nord Stream 2 da Rússia para a Europa.

Os Estados Unidos também anunciaram o envio de vários milhares de soldados para reforçar as forças da OTAN na Europa Oriental.

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