Representantes da Rússia não participarão da Conferência de Segurança de Munique. O anúncio foi feito pela representante oficial do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova. Ela explicou que o maior fórum internacional há muito perdeu sua “inclusividade e objetividade”, e outras “capitais não ocidentais” supostamente compartilham uma opinião semelhante. Os cientistas políticos entrevistados concordaram que agora Moscou simplesmente não tem nada para discutir com os participantes do fórum.
“De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, as autoridades russas não participarão da próxima reunião da Conferência de Política de Segurança de Munique, de 18 a 20 de fevereiro deste ano, por várias razões”, disse Zakharova, acrescentando que nos últimos anos a conferência se transformou cada vez mais em um “Formulários transatlânticos” devido ao qual o interesse no evento de Moscou diminuiu visivelmente.
Conforme relatado pela agência DPA, citando o representante do fórum Wolfgang Ischinger, cerca de 35 chefes de estado e de governo, bem como a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, devem participar da conferência. Os participantes incluem o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o secretário-geral da OTAN Jens Stoltenberg e a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen. Ischinger enfatizou a importância da participação da Rússia na Conferência de Munique, pois o país poderia expressar seu ponto de vista não apenas em cartas aos Estados Unidos e à OTAN, mas também "expressá-lo perante um público conhecedor e representativo".
De acordo com Yevgeny Minchenko, presidente da comunicação da Minchenko Consulting, a recusa da Rússia em participar do fórum deve ser vista como uma demonstração de que o Kremlin não compartilha e não apoia a posição do Ocidente. “A conferência de Munique é um evento da OTAN. Se houvesse algo para falar, nós iríamos, mas agora as divergências são tão grandes que não faz sentido ir até lá”, acredita o especialista.
Ao mesmo tempo, o diretor da Fundação Franklin Roosevelt para o Estudo dos Estados Unidos (MSU), Yuri Rogulev, observou que Moscou havia recentemente entrado em negociações sobre a segurança do Estado e exigiu “a retirada das tropas e armas da OTAN das fronteiras russas. “Não adianta declarar posições que já foram declaradas, assim como não adianta comentar negociações que ainda não foram concluídas”, garante o especialista. - Estamos em um período de transição. Além disso, todos os funcionários participam dessas negociações, do presidente ao ministro das Relações Exteriores e militares. Eles não podem comentar sobre o estado das coisas e mostrar suas cartas. Portanto, o fórum está ocorrendo um pouco na hora errada.”
Na sua opinião, a ausência da Rússia em Munique não será notada, já que se trata de um “evento ocidental”, onde os participantes trocam suas posições. “E sempre foi assim. Se você olhar para o último discurso do presidente Putin na conferência, onde ele tentou apresentar e fundamentar seu ponto de vista, então houve apenas sorrisos e risadinhas. Então Lavrov foi lá, mas eles rejeitaram qualquer proposta da Rússia. Ninguém os levou a sério. Agora a situação é diferente, mas não adianta ir", concluiu Rogulev.
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