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A ‘tentativa de golpe’ da Guiné-Bissau: o que precisa de saber

Quem poderia estar por trás de um ataque na Guiné-Bissau e quais são as implicações em uma região cada vez mais assolada por golpes?

O presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo, sobreviveu a uma tentativa de golpe, mas diz que muitos membros das forças de segurança foram mortos ao repelir um “ataque à democracia”.

A calma voltou às ruas da capital Bissau na quarta-feira, um dia depois de homens armados com metralhadoras e fuzis atacarem o palácio do governo.

A violência no país de 1,5 milhão de habitantes da África Ocidental ocorre após uma recente onda de golpes na região.

O que aconteceu?

Embalo estava no palácio do governo junto com o primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam quando foi cercado e atacado por homens fortemente armados na tarde de terça-feira. Embalo disse que o tiroteio durou cinco horas.

“Não foi apenas um golpe. Foi uma tentativa de matar o presidente, o primeiro-ministro e todo o gabinete”, disse.

A emissora estatal disse que o tiroteio danificou o palácio do governo e que “invasores” detiveram autoridades no prédio. Veículos militares carregados de tropas percorreram as ruas da capital enquanto as pessoas fugiam da área.

Embalo disse mais tarde na terça-feira que a situação foi controlada e que algumas das pessoas envolvidas foram mortas e presas, mas não deu números.

Ele qualificou a tentativa de golpe como um atentado à democracia, dizendo que “estava bem preparada e organizada e também pode estar relacionada a pessoas envolvidas no tráfico de drogas”, sem dar mais detalhes.

Quem poderia estar por trás do ataque?

Ainda não está claro. Algumas testemunhas descreveram os atiradores como membros das forças armadas, outras disseram civis.

Embalo, que teve forte apoio militar durante uma crise política anterior, disse que o exército não estava envolvido no ataque.

“Posso assegurar que nenhum campo se juntou a esta tentativa de golpe. Foi isolado. Está ligado às pessoas contra as quais lutamos”, disse ele.

Mas Nicolas Haque, do Senegal, disse queixas militares “estão se formando há muito tempo”, com muito ressentimento direcionado ao governo. O país tem sido assolado pela corrupção e pelo tráfico de drogas.

No final do ano passado, o chefe das Forças Armadas disse que militares estavam planejando um golpe enquanto o presidente estava em viagem de trabalho ao Brasil.

Burkina Faso sofreu quatro golpes militares e mais de uma dúzia de tentativas de golpes militares desde sua independência de Portugal em 1974, com o golpe mais recente em 2012.

Embalo, ele próprio um ex-general do Exército, foi declarado vencedor do segundo turno de dezembro de 2019, embora os resultados tenham sido duramente contestados por seu oponente, Domingos Simões Pereira.

Qual ​​foi a reação ao ataque?

O bloco regional da África Ocidental de 15 nações, a CEDEAO, chamou a violência de terça-feira de tentativa de golpe e disse estar acompanhando a situação em Bissau “com grande preocupação”.

A União Africana exortou os militares a “regressarem sem demora aos seus quartéis” e a libertarem os membros do governo detidos.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou a “terrível multiplicação de golpes” na região, que chamou de “totalmente inaceitável”.

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse no seu site oficial ter falado com Embalo por telefone e ter “transmitido a sua veemente condenação… destes ataques contra a ordem constitucional da Guiné-Bissau”.

Quais são as implicações para o país e a região?

Os ataques ameaçam desestabilizar ainda mais o frágil país e podem aumentar a pressão sobre Embalo.

Emmanuel Kwesi Aning, do Centro Internacional de Manutenção da Paz Kofi Annan, disse que o país continua assolado pela corrupção, alto desemprego e baixa educação, tudo isso está “acumulando frustração… forma que reflete as aspirações e esperanças [dos jovens]”, disse ele.

Os ataques de terça-feira também aprofundaram os temores de que uma recente onda de golpes na região esteja se espalhando.

Desde agosto de 2020, soldados tomaram o poder em Mali, Guiné e Burkina Faso.

Apesar das sanções e suspensões sobre esses países pela CEDEAO, nenhum dos governantes militares ainda organizou novas eleições, e o ataque na Guiné-Bissau aumentará o escrutínio crescente sobre a credibilidade do bloco regional.

A CEDEAO deve se reunir na quinta-feira para discutir a tomada militar da semana passada em Burkina Faso.

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