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Por que os criadores de criptomoedas querem permanecer anônimos

PARIS: Os dois amigos de longa data da Flórida nunca procuraram os holofotes, mas depois construíram um império multimilionário vendendo arte digital e as pessoas queriam saber quem eles eram.

Sob os pseudônimos "Gargamel" e "Gordon Goner", eles criaram o "Bored Ape Yacht Club", uma coleção de 10.000 desenhos de macacos com vários penteados e roupas.

Eles vendem essas imagens como tokens digitais (NFTs), e agora é difícil conseguir um por menos de US$ 280.000, em parte graças ao endosso de celebridades como Paris Hilton e Serena Williams.

O canal de notícias americano BuzzFeed fez algumas investigações no início deste mês e descobriu suas verdadeiras identidades - provocando uma onda de raiva entre os fãs nas mídias sociais.

"Doxing é maluco, colocando as pessoas em risco", escreveu um usuário do Twitter, usando gírias da internet para identificar alguém contra sua vontade.

A história chamou a atenção para o anonimato no mundo das criptomoedas.

Embora os criadores dos "Bored Apes" possam gostar de se esconder no mundo das criptomoedas, eles são donos de uma empresa chamada Yuga Labs, então eles precisam seguir todas as regras usuais de arquivamento da empresa, incluindo fornecer beneficiários nomeados.

"Usar um pseudônimo não o torna anônimo", diz Alexander Stachtenko, especialista em criptomoedas da empresa KPMG.

- Risco de roubo -

Não está claro por que os fundadores do Bored Apes queriam permanecer anônimos - eles deram várias entrevistas sob seus pseudônimos.

Os críticos dizem que qualquer pessoa que ganhe dinheiro com NFTs seria sensata em buscar o anonimato, pois o que eles estão vendendo não tem valor.

Os fãs se divertem em fazer parte de uma comunidade onde a propriedade da NFT geralmente é uma porta de entrada para jogos e outras vantagens.

De qualquer forma, qualquer pessoa que faça uma grande riqueza nesse campo tem razões óbvias para ficar fora do radar.

“Não preciso que o público em criptomoedas saiba quem sou, como pareço, minhas origens”, diz um criador que atende pelo nome de “Coruja da Umidade”.

"Não quero correr o risco de que as pessoas me roubem ou prejudiquem minha família."

Ele co-fundou a Yield Guild Games, uma startup focada em videogames NFT nas Filipinas, onde a mania NFT tomou conta da população.

Ele ressalta que a tecnologia que sustenta criptomoedas e NFTs - o blockchain - é um livro-razão onde qualquer pessoa pode rastrear transações.

Portanto, vincular suas identidades criptográficas e do mundo real permitiria que qualquer pessoa descobrisse sua riqueza.

Mas quanto maior um projeto fica, mais complicado é permanecer desconhecido.

"Torna-se mais difícil se você expandir sua equipe", diz Soona Amhaz, da Volt Capital, um fundo focado em criptomoedas.

- 'A maneira mais justa' -

Uma das formas preferidas de permanecer anônimo no mundo das criptomoedas é formar uma DAO (organização autônoma descentralizada).

Os DAOs permitem que as pessoas colaborem e ajam como uma empresa, essencialmente agindo como acionistas, mas sem uma posição legal formal ou proprietários nomeados.

Qualquer pessoa que extraia lucro ainda precisaria pagar impostos, mas vincular indivíduos do mundo real a essas entidades é uma tarefa muito mais complicada do que, digamos, pesquisar registros públicos para revelar os fundadores do Bored Apes.

Esse modelo atendeu bem a empreendedores anônimos, de "Zeus", o criador da criptomoeda Olympus, a "Code Monkey", que criou a criptomoeda Port Finance.

No entanto, muitas pessoas usam a expectativa de anonimato para fins nefastos.

DAOs e outras entidades descentralizadas são particularmente vulneráveis ​​a fraudes, de acordo com a empresa de análise Chainalysis.

A AnubisDAO foi uma dessas entidades, criada por programadores pseudônimos em outubro passado com pouco mais que uma conta no Twitter e um logotipo.

Desapareceu menos de um dia após seu lançamento, levando quase US$ 60 milhões em dinheiro dos investidores, segundo a Chainalysis.

E parece que a maré está virando contra o anonimato no mundo das criptomoedas.

A maioria das maiores exchanges de criptomoedas agora exige verificações de identidade para combater esse tipo de fraude.

Mas Soona Amhaz acredita que ainda há pontos positivos na ideia do DAO, argumentando que eles são policiados pelo blockchain.

Qualquer pessoa pode rastrear as transações de um determinado DAO e descobrir se elas são legítimas ou suspeitas.

Há também outra grande vantagem, diz ela.

"Se você é um pseudônimo, não importa se você não frequentou a escola certa", diz ela.

"É apenas o seu trabalho que está sendo avaliado e sua reputação. E essa é realmente uma das maneiras mais justas de avaliar alguém."

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